terça-feira, 30 de junho de 2009

Abissal

A enfermidade do universo me contagia
Minha alma está prostrada sobre um mar de ceticismo
Que produz imensas ondas de caos
Elas são gigantes... e fortíssimas!

A espuma com aspecto absurdo
Explode na arrebentação da minha lucidez
(minha trágica e odiosa lucidez)

Quisera eu ignorar as coisas todas do mundo
Como os peixes que habitam a profundidade abissal
Desconhecem o mundo e, ao mesmo tempo, o conhecem por inteiro
Pois que o mundo não lhes passa de uma profunda escuridão

Sem mistérios, ciências e hipócrita preocupação com o meio-ambiente
Apenas a pastosa escuridão
Densa, segura
E garantidora de sua sábia ignorância

Eu invejo as criaturas abissais
Sempre sonhei me alienar do mundo e sua decadência
Sempre quis me alienar de mim (da minha insignificância)
Anseio, sobretudo, me alienar desta coisa soberba e mesquinha
a que chamamos humanidade

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