A vida é mais viva nas torrentes que desembocam na beirada do mundo
Corregozinho, que n'outras terras nada valeria, ganha força em rio de quedas poderosas
O mundo parece extremo
Uma nova velha história faísca o circuito em curto na beiradinha do planeta
Ideias em movimento energizam a pluralidade dos dias
O mundo parece síntese
As ideias ganham força e a vida toma concretude na energia das águas
E o processo supera a forma à medida que a desenha
O mundo parece possível...
terça-feira, 1 de novembro de 2011
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Concreto
Tenho saudade dos meus sentimentos
Dos mais pulsantes aos mais opacos
débeis e vexaminosos
Tenho saudade de mim
Apartada dos vermelhos e ocres das minhas febres
sigo pelos dias ansiosa e vazia
como uma moribunda saudável...
Apartada de mim
Busco refúgio na sordidez humana
Tão mais bela quanto mais estúpida
destilando teorias e vilezas num mesmo discurso redentor
Refugio-me em mim
E quando finalmente se me apresenta o abismo
despenco furiosamente rumo à liberdade
Com a cabeça à frente do corpo delicio-me na queda
mesmo sabendo que encontrarei concreto no fim
Dos mais pulsantes aos mais opacos
débeis e vexaminosos
Tenho saudade de mim
Apartada dos vermelhos e ocres das minhas febres
sigo pelos dias ansiosa e vazia
como uma moribunda saudável...
Apartada de mim
Busco refúgio na sordidez humana
Tão mais bela quanto mais estúpida
destilando teorias e vilezas num mesmo discurso redentor
Refugio-me em mim
E quando finalmente se me apresenta o abismo
despenco furiosamente rumo à liberdade
Com a cabeça à frente do corpo delicio-me na queda
mesmo sabendo que encontrarei concreto no fim
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
sábado, 16 de julho de 2011
Rasante
Quando te falei para voar, queria mesmo era ir contigo... para bem longe de todo esse peso que acinzenta a vida e amarela o sorriso.
Mas ficaria feliz em apenas admirar o teu voo e torcer que ele fosse libertador para ti - caso a minha companhia fosse bagagem ruim de carregar.
Às duas alternativas, criaste uma terceira. Resolveste voar escondido... e de lá de cima despejaste um bom naco da tua podridão sobre a cabeça de quem te impulsionou.
Espero que entre rasantes e planagens consiga encontrar teu rumo e a viagem te faça melhor do que és hoje.
Quanto a mim, caso interesse, ainda estou tentando me livrar do mau cheiro que deixaste... para em seguida desenhar com liberdade o meu próprio plano de voo.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Desabafo
A minha tristeza é melancólica
como a dos velhos
Não soluça em prantos desesperados
não comove
Cultivo minha tristeza sobre o travesseiro
longe de desconcertadas palavras de conforto
Todo o resto, é só sorrisos
que a ninguém interessa meu pesar
A minha tristeza é melancólica
doída e amiúde...
Mas é também secreta
Guardada a sete chaves sob a hipocrisia dos dias
como a dos velhos
Não soluça em prantos desesperados
não comove
Cultivo minha tristeza sobre o travesseiro
longe de desconcertadas palavras de conforto
Todo o resto, é só sorrisos
que a ninguém interessa meu pesar
A minha tristeza é melancólica
doída e amiúde...
Mas é também secreta
Guardada a sete chaves sob a hipocrisia dos dias
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Liberdade
Se não és livre, voa
Arranca todas as odiosas amarras
enfeitadas de moral e decência
Atira sobre a mesquinhez dos dias
o cinza que te desbota
e irrompe em vermelho-fogo rumo ao infinito
Se não és livre, voa
Que não há nada pior que tempo perdido
Nada é mais tristemente irrevogável.
Nem a morte
pois que já era dada como certa
fazia parte da vida antes mesmo dela começar...
Se não és livre,
sê sincero contigo
e ganha o mundo (que ele sempre foi teu)
Arranca todas as odiosas amarras
enfeitadas de moral e decência
Atira sobre a mesquinhez dos dias
o cinza que te desbota
e irrompe em vermelho-fogo rumo ao infinito
Se não és livre, voa
Que não há nada pior que tempo perdido
Nada é mais tristemente irrevogável.
Nem a morte
pois que já era dada como certa
fazia parte da vida antes mesmo dela começar...
Se não és livre,
sê sincero contigo
e ganha o mundo (que ele sempre foi teu)
quinta-feira, 12 de maio de 2011
As Três Marias
Era uma bela noite de festa
Quando Três Marias apontaram no céu
Três estrelas muito diferentes em forma e cor
Ainda que todas tivessem o mesmo explendor
A primeira foi Lúcia
Que abriu a tríade com alegria e generosidade
Mulher forte e muito sagaz
Há quem diga que seu bom-humor é tempero para amizade
A segunda é Luíza
Inspiradora de poemas e cantos
Dona de uma força tão delicada quanto presente
Detalhista em seus muitos encantos
A terceira, Helena
Senhora de contos épicos e arrebatadoras paixões
Possuidora de um coração maior que o Alegre
E de um tempero de arrasar quarteirões
Entre piadas e artes, Lúcia, na companhia de um Lelá, convidou mais duas estrelas para a reunião. Uma terceira veio no embalo (penetra) e agora uma nova estrelinha toma conta do salão.
Amor de um Mauro sempre pasmo com sua beleza, Luíza trouxe para a festa uma estrela e dois poderosos cometas. Eis que uma nova estrelinha aponta do horizonte infinito (e as galáxias todas já se derretem em cuidados e mimos!).
Helena achou que três era pouco... E pôs no baile toda uma constelação. Corta, costura, cozinha lombo, joelho e pé. Helena fez logo quatro estrelas para dar conta de um José!
E assim o céu se fez mais alegre
Com as Três Marias conduzindo as constelações
Não há astro que possa com seu brilho e força
E não há quem tome seu lugar em nossos corações!
(Feliz dia das mães!)
Quando Três Marias apontaram no céu
Três estrelas muito diferentes em forma e cor
Ainda que todas tivessem o mesmo explendor
A primeira foi Lúcia
Que abriu a tríade com alegria e generosidade
Mulher forte e muito sagaz
Há quem diga que seu bom-humor é tempero para amizade
A segunda é Luíza
Inspiradora de poemas e cantos
Dona de uma força tão delicada quanto presente
Detalhista em seus muitos encantos
A terceira, Helena
Senhora de contos épicos e arrebatadoras paixões
Possuidora de um coração maior que o Alegre
E de um tempero de arrasar quarteirões
Entre piadas e artes, Lúcia, na companhia de um Lelá, convidou mais duas estrelas para a reunião. Uma terceira veio no embalo (penetra) e agora uma nova estrelinha toma conta do salão.
Amor de um Mauro sempre pasmo com sua beleza, Luíza trouxe para a festa uma estrela e dois poderosos cometas. Eis que uma nova estrelinha aponta do horizonte infinito (e as galáxias todas já se derretem em cuidados e mimos!).
Helena achou que três era pouco... E pôs no baile toda uma constelação. Corta, costura, cozinha lombo, joelho e pé. Helena fez logo quatro estrelas para dar conta de um José!
E assim o céu se fez mais alegre
Com as Três Marias conduzindo as constelações
Não há astro que possa com seu brilho e força
E não há quem tome seu lugar em nossos corações!
(Feliz dia das mães!)
segunda-feira, 2 de maio de 2011
O que cabe dentro de um ano?
Quis expressar em verso e verbo o que o tempo me diz
Busquei passear em meio a lembranças de nós e de mim
Ingênua quimera
Que nunca soube como é lembrar o presente
Penso só no teu cheiro (ele nada tem de passado!)
Saudade de agora...
Deixemos as rimas aos românticos bardos
Vivamos em prosa e desejo a intensidade dos dias raros
365, inteiramente nossos
(Beijos todos!)
Busquei passear em meio a lembranças de nós e de mim
Ingênua quimera
Que nunca soube como é lembrar o presente
Penso só no teu cheiro (ele nada tem de passado!)
Saudade de agora...
Deixemos as rimas aos românticos bardos
Vivamos em prosa e desejo a intensidade dos dias raros
365, inteiramente nossos
(Beijos todos!)
terça-feira, 19 de abril de 2011
Intangível
A assustadora materialidade do intangível
desperta e revela
tudo aquilo que se esconde atrás do medíocre
sob o guarda-chuva do cotidiano
A concretude aterradora do intocável
revela-se pelo mais vil dos atritos
destituído de moral e valores
e repleto de vida
A temperatura macia do tremor
que arrebata a realidade
em um lampejo que mistura temporalidades
torna o eterno jocosa quimera
Absolutamente impotente
diante da força do imponderável
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Incandescente
Depois de passada a chuva
um sol com cor de liberdade
jogou seus raios sobre mim
e minha emancipação se fez concreta
Um brinde à efemeridade perene das paixões
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Quem é teu deus?
Quem é teu deus?
Um bom velhinho barbudo que diz coisas sábias
Um severo senhor que lhe pune os pecados
Um ente etéreo e distante que está acima de tudo e todos
mas conhece a cada um em sua intimidade...?
Quem é teu deus?
Uma unidade trinda de entes estranhos e fantásticos
Uma força tão poderosa quanto inalcançável
Uma onisciência que ao mesmo tempo te conforta, amedronta
e passa indiferente pelos teus dias...?
Quem é teu deus, senão tu mesmo e a intolerável vaidade humana?
Um bom velhinho barbudo que diz coisas sábias
Um severo senhor que lhe pune os pecados
Um ente etéreo e distante que está acima de tudo e todos
mas conhece a cada um em sua intimidade...?
Quem é teu deus?
Uma unidade trinda de entes estranhos e fantásticos
Uma força tão poderosa quanto inalcançável
Uma onisciência que ao mesmo tempo te conforta, amedronta
e passa indiferente pelos teus dias...?
Quem é teu deus, senão tu mesmo e a intolerável vaidade humana?
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Papel
Precisei me expandir em papel
que já não cabia mais em mim
Precisei de grafites e cores,
riscos, rabiscos, lápis , caderno
E a mais trabalhosa
de todas as matérias-primas,
a palavra
Precisei de ideias em cores,
caixas de pensamentos
e uma resma de rimas
Precisei cair do mundo
Como quem se estatela no chão
ao descobrir sua essência
Pesada, flácida e atônita
Precisei ser eu mesma
aos poucos e em pedaços
Abdicando da inteireza da vida
Explorando o simbolismo do verbo
Precisei explodir em papel
Que já não caibo mais na vida
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