O silêncio é poesia concentrada, comprimida, compactada
Poesia em potencial,
pronta para explodir em grito
sem som
sem moral
sem medo
sem rumo
O silencio é a própria poesia
expressa o que as palavras não podem
(não sabem)
É a máxima expressão do inexpressível
O sopro de incompreensão que identifica o desconhecido
o inalcançável
o espetacular
e o absurdamente banal
Sábio e poeta,
o silêncio é a mais segura (e incerta) estrada
para o impossível
e para todas as possibilidades
Denso e severo, é o mais curto (e longo) caminho
para chegar em si mesmo
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
sábado, 2 de janeiro de 2010
Sobre a carcaça da humanidade
Avançavam violentamente
sobre a carcaça podre
Uns para algum tipo de ritual
não muito racional, porém solene
Outros para lhe comer a carne putrefata
A fim de alimentar sua própria vileza
e todo o seu desespero
Lutavam primitivamente
Arrancando mutuamente sangue, vísceras
e cartilagem
Constatando a fragilidade da vida na morte
Banalizando uma e outra
Comiam-se como quem ama
Matavam-se como quem come
Odiavam-se com poesia...
e muita frieza
Encontravam-se destituídos de todo e qualquer sentimento
Solidariedade, amor, compaixão... ódio
Nem um ódio visceral!
Eram apenas necessidade e instinto
Estavam absolutamente desumanizados...
E nunca foram tão humanos!
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