segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Poesia sem som


O silêncio é poesia concentrada, comprimida, compactada
Poesia em potencial,
pronta para explodir em grito
sem som
sem moral
sem medo
sem rumo


O silencio é a própria poesia
expressa o que as palavras não podem
(não sabem)
É a máxima expressão do inexpressível
O sopro de incompreensão que identifica o desconhecido
o inalcançável
o espetacular
e o absurdamente banal


Sábio e poeta,
o silêncio é a mais segura (e incerta) estrada
para o impossível
e para todas as possibilidades


Denso e severo, é o mais curto (e longo) caminho
para chegar em si mesmo

sábado, 2 de janeiro de 2010

Sobre a carcaça da humanidade


Avançavam violentamente
sobre a carcaça podre

Uns para algum tipo de ritual
não muito racional, porém solene
Outros para lhe comer a carne putrefata
A fim de alimentar sua própria vileza
e todo o seu desespero




Lutavam primitivamente
Arrancando mutuamente sangue, vísceras
e cartilagem
Constatando a fragilidade da vida na morte
Banalizando uma e outra



Comiam-se como quem ama
Matavam-se como quem come
Odiavam-se com poesia...
e muita frieza

Encontravam-se destituídos de todo e qualquer sentimento
Solidariedade, amor, compaixão... ódio
Nem um ódio visceral!
Eram apenas necessidade e instinto




Estavam absolutamente desumanizados...
E nunca foram tão humanos!