sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Saudade da minha poesia

Sinto saudade da minha poesia...

Eram tempos de incerteza
Angústia, decadência e dúvidas
Eram tempos de poesia

Uma paixão desmedida e descabida
sem futuro, passado ou importância
Das que não alimentam sonhos
que não se traduzem em rotina

Uma paixão quase sem paixão
Porque cética, amoral e pontualmente carnal
Tão intensa quanto inóspita
desconexa da vida e das coisas do mundo

Sem momentos românticos ou dramáticos
sem palavras leais ou furiosas
Apenas minha mais íntima poesia
sórdida, autêntica, densa e loquaz

Sinto saudade da minha poesia
da sua cumplicidade decadente com o mundo
me apresentando inteira e despida
à minha própria condição humana

Sinto saudade
da paixão da minha poesia

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