sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Entranhas

Inadvertidamente, às vezes meu corpo estranha o enorme lapso de ausência da sua poesia nas minhas entranhas...

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O mundo é agora

Eu nao sei me conter.
Não quero...
Tenho querência demais
que ferve, explode, força passagem

Eu me atiro.
Nas intensidades, vontades e liberdades imaginadas
Me livro de mim, me descarto
e rompo ansiosa em direção aos mais deliciosos delírios

Tudo é intenso, imediato, urgente
O mundo é agora (e eu me confundo com ele)

sábado, 15 de outubro de 2022

Título de propriedade

Grandes ambições e objetivos retos na vida, não os tenho
A divina e absolutamente terrena experiência da maternidade, tampouco
Nenhum prêmio, patente ou obra de sucesso (no máximo uns títulos acadêmicos, capítulos de livros e alguma atuação social)
Nem mesmo paciência para a incrivelmente aterradora mediocridade do cotidiano, nem isso eu possuo
Não me apropriei de muito nessa vida...
Desejos e poesia
é só o que tenho.

Ao meu querido poeta

Escalei as barbas da sua sensibilidade
para encontrar meu sentimento perdido...
opaco e amuado, estava ali o tempo todo
escondido, perdido, sem rumo

Separei fio por fio e alcancei a palavra-inspiração somente para responder a uma provocação

E neste impulso de resposta encontrei pulso para seguir a vida como poesia concreta

Dura, árida, mas cheia de sentidos, sensações e sentimentos

Obrigada.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Hoje sou instante

Acordei envolta em complexidades aleatórias
Várias
Mar de caos e rotina, em um desenho nada lógico
Acordei arrebatada
Pela vida, seus desafios e encantos (ambos igualmente implacáveis)

Hoje eu acordei instante
muita intensidade
pouca serenidade
deixa estar
Agora é outro instante (todo instante é agora)

Respira. Escreve. Deixa a calmaria fazer pouso
Ela é quem traz brilho intenso no alforje
A serenidade é portadora da beleza da vida (te acalma e abre passagem)

Hoje sou instante
Amanhã, momento

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Falecimentos

Cada minuto na fila de banco
é um verso que morre na minha alma

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Semi-reta

Há que se ter leveza
Porque a beleza é um equilíbrio delicado
Inebria, encanta, envolve
e se esvai sem mais porquê

Há que se ter malícia
Porque a vida é jogo sem regras
Arrebata a gente numa direção
Só para depois desafazer e refazer tudo de novo

Há que se ter firmeza
Sobretudo quando a fragilidade impera
Porque franqueza é artigo raro
e qualquer desatenção... gota d'água

Há que se ter serenidade
Uma vez que não sou reta
nem constante
pois há pouco descobri que não caibo num instante

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Urgência

Meu desejo é urgente
Impaciente
E um tanto intenso.

Não tenho talento para amenidades
Temperaturas mornas
Ou velocidades lentas.

Meu tempo é agora
Minha matéria é o instante...
(a eternidade contida em cada instante)

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Razão profunda


Ando acordando muito cedo
para concluir que já é tarde demais

Tenho lutado muito
para me conformar com qualquer saída

Ando muito próxima da vida
para me iludir com qualquer utopia

Antes a radicalidade.
Não aquela tão violenta quanto pueril...

Anseio chegar verdadeiramente à raiz
Extirpar as pragas, limpar os venenos da terra
Florescer frondosa

E as raízes... bem...
quando a terra é firme
elas não costumam estar na superfície

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Onde foram parar
as horas que eu não vi passar?