sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Saudade da minha poesia

Sinto saudade da minha poesia...

Eram tempos de incerteza
Angústia, decadência e dúvidas
Eram tempos de poesia

Uma paixão desmedida e descabida
sem futuro, passado ou importância
Das que não alimentam sonhos
que não se traduzem em rotina

Uma paixão quase sem paixão
Porque cética, amoral e pontualmente carnal
Tão intensa quanto inóspita
desconexa da vida e das coisas do mundo

Sem momentos românticos ou dramáticos
sem palavras leais ou furiosas
Apenas minha mais íntima poesia
sórdida, autêntica, densa e loquaz

Sinto saudade da minha poesia
da sua cumplicidade decadente com o mundo
me apresentando inteira e despida
à minha própria condição humana

Sinto saudade
da paixão da minha poesia

domingo, 25 de outubro de 2009

Reticências

As reticências da sua existência pesam no meu ser
Dóem

machucam cotidianamente


Antes um ponto final.
Duro, cético...
mas cicatrizante!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Avesso do Mundo (uma homenagem à vida)


No sabugo do pensamento
(quando pensar chega a doer)
Achei uma ideia engraçada:
E se o mundo girasse ao contrário?

Seriam os poderosos mais humildes?
E os mais humildes?
Teriam direito a um naco de dignidade?

Ah! Melhor ainda...
Se o mundo girasse ao contrário
Talvez não precisasse mais haver ricos e pobres
Apenas homens e mulheres livres
Simples.

Nessa reviravolta do planeta
Com tudo virado e mexido
O povo seria importante para os governos
Quem sabe não pudesse até mesmo participar efetivamente das decisões?
O povo ditando o rumo...!

Se o mundo fosse virado
Eu teria mais filhos
Pois cada criança seria como uma fonte da juventude
Renovando a energia transformadora própria de cada um de nós

Se o mundo fosse mesmo ao contrário
Até gostar seria mais gostoso
Sem cobranças, opressões
Sem todos os (pré)conceitos arcaicos que matam o amor
Gostar seria cuidar, e ponto

Um dia ainda viramos o mundo de cabeça-pra-baixo
Vai doer o sabugo das ideias conceber tudo isso...
Mas há de valer a pena!

Na postagem original: Tô ficando pra tia! É a conclusão que chego ao receber uma maravilhosa notícia de 3 amigos ao mesmo tempo: vão ser papais! Um miniero, um baiano e um paulista. Um blogueiro, um poeta e um jornalista. A vocês três, meus queridos, meus parabéns e uma republicação (peço desculpas aos demais, mas a ocasião exige!)... é que esta poesia que expressa o que lhes desejo diante da mais alvissareira das novidades! Felicidades! ;)

sábado, 3 de outubro de 2009

Conclusões sobre o silêncio

É destinatário e senhor dos mais belos versos que já pude compor em prosa
És detentor de todas as características subjetivas que me instigam a vida e a morte hoje
És dono e deus da minha paixão atéia e amoral


Apresentei toda minha franqueza em poesia e súplica
Expus-me inteira e completa em carne e música
Estilhacei-me enquanto a vida não me permitia um átimo de descanso ou paz


E tu?!
Tu limpas a bunda com os papéis da minha poesia...!

As cores do teu inferno

É uma pena ver tua reação amarela ao espectro multicor que se nos apresentou...
Eu esperava preto-e-branco, ou ao menos uma sensibilidade lilás...
que pudesse amainar um pouco meu vermelho tão intenso
que desse vasão e contraste ao meu espírito revolto,
hóspede e prisioneiro da patética condição humana.

Mas não, és homem mero e comum
e não o demônio que eu supunha
Então que posso esperar?
Não há o que esperar ou desejar

das cores do teu frio inferno azul...!